sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Voos e tédios

Se tem uma coisa detestável na vida é viajar de avião sozinha e sem nenhum milésimo de sono. Sono que seria de extrema importância considerando que todas as minhas atividades pré-programadas já haviam se esgotado antes das 3 primeiras horas dentro daquele avião.

Quando eu viajei para o Sul nessas férias, as minhas únicas companhias foram o meu MP4 surrado com músicas bem passadas e um Sokudu que eu tinha comprado horas antes de decolar, não percebendo que era o mais difícil dos difíceis, então já dá pra imaginar que os quadradinhos estão em branco atá hoje.

Assim o tédio só aumentava e eu já estava quase arrancando os meus cabelos. Até que o avião fez escala em Brasília deixado as pessoas que lotavam o avião e pegando alguns gatos pingados, dentre eles alguém de olhos azuis e estonteantemente sedutor. Mas isso também não focou minha concentação, porque mães atrapalham de vez enquando. E então, com as outras duas poltronas ao meu lado fazias, tive a última esperança de pegar no sono e só acordar quando estivesse em solo firme, pura ilusão.

Já a ponto de me suicidar, fui ao banheiro para ver se as minhas pernas ainda correspondiam aos meus comandos e tudo estava sob controle. E ao tentar abrir a porta: ocupado. Um comissário de bordo, super simpático, que devia ter uns 40 e poucos anos e ainda tinha cabelos pretos falou:
- Tá ocupado, senta aí e espera - Com um grande sorriso no rosto apontando para a cadeira ao seu lado. Sentei-me e adivinhem só, ele me contou de toda sua vida.

Mas como uma excelente estudante que não lembra do que o professor disse há 5 minutos , não lembro também de muita coisa que ele me disse. Mas eu me lembro que ele perguntou alguma coisa relacionada aos meus estudos, tipo "Que série você está?". E eu respondi :
- No segundo ano.
- Já sabe para o quê você vai prestar vestibular?- perguntou ele.
- Jornalismo - eu disse, convicta e ele achou graça. E então ele disse:
- Tenho um filho de 16 anos também e que mal sabe o que quer fazer. E quando a gente pergunta a ele "O que você quer fazer quando crescer?", ele responde "Vou ser surfista".

No mesmo momento em que me toquei que ele era carioca, me veio em mente o corpo sarado e a cor de praia do filho dele. Consegui não soltar uma gargalhada. Mas além disso, por pura coincidência, ele disse que sua filha mais velha faz jornalismo e que ela adora. Ela dizia no começo que era difícil porque era chato, mas depois ela passou a dizer que foi a escolha certa. Ela irá se formar esse ano. Então um tripulante saiu do banheiro e por fim, entrei.

Raisa Araújo

2 comentários:

  1. adoro suas cronicas, e jornalismo assim como as areas da comunicação são encantadoras.

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  2. eu estudo jornalismo e amo amo amo. assim como todos os cursos, tem algumas matérias que são bem chatas - estilo semiótica e teoria da comunicação. mas tem reportagem jornalística, e nada pode ser melhor do que isso. :D

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